Em 2023, a Madeira tinha 57,9 mil trabalhadores por conta de outrem (TCO) a tempo completo e com remuneração completa, nos estabelecimentos localizados na Região Autónoma, "correspondendo a um acréscimo de 7,3% face ao ano anterior (mais 3,9 mil trabalhadores)", sendo que a "RAM seguiu, de forma mais acentuada, a tendência nacional de crescimento do número de trabalhadores, cuja variação foi de 4,0%", mas no ganho médio mensal, a tendência foi inversa. Nesse ano, os ganhos situaram-se "nos 1.323,96€, valor superior ao do ano anterior que se fixou em 1.244,07€, o que corresponde a um aumento de 6,4%", sendo que "a nível nacional, o ganho médio mensal dos TCO atingiu 1.460,81€, representando um aumento de 7,2% face a 2022", salienta a Direção Regional de Estatística da Madeira, que divulgou hoje esta informação.

Comparadas as regiões NUTS II, "a RAM ocupava uma posição central, apresentando o quinto valor mais elevado, situando-se atrás das regiões da Grande Lisboa (1.817,17€), Península de Setúbal (1.433,11€), Norte (1.348,66€) e Alentejo (1.326,13€). A região do Algarve foi a que apresentou o ganho médio mensal mais baixo (1.238,68€), seguida pelo Oeste e Vale do Tejo (1.249,77€), Centro (1.305,72€) e pela Região Autónoma dos Açores (1.315,09€)", refere a DREM

Em termos municipais, "o município do Funchal era o que apresentava o ganho médio mensal mais elevado (1.377,85€), seguido do Porto Santo (1.345,14€), os únicos que estavam acima da média regional (1.323,96€). Ao invés, Porto Moniz (1.000,11 €), São Vicente (1.043,69 €), Santana (1.060,20€), Ponta do Sol (1.094,29 €), Ribeira Brava (1.129,80€), Câmara de Lobos (1.137,18€), Machico (1.229,68€), Santa Cruz (1.275,64 €) e Calheta (1.321,53€) estavam abaixo da média", destaca. Refira-se que a criação de emprego por conta de outrem aumentou em todos os concelhos, sendo que no geral 2023 foi o ano com maior número de TCO da série publicada desde 1995. O mesmo aconteceu, aliás nos ganhos médios mensais, mas no caso com valores máximos em todos os concelhos e na RAM nestes 29 anos.

Estes dados, são a actualização da "Série Retrospectiva das Estatísticas dos Quadros de Pessoal com a informação de 2023, cujos dados são fornecidos ao Instituto Nacional de Estatística pelo Gabinete de Estratégia e Planeamento do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. O apuramento estatístico dos Quadros de Pessoal é baseado no Anexo A do Relatório Único - relatório anual, um documento anual que compila dados sobre a atividade social das empresas e é preenchido pelas entidades empregadoras com pelo menos um trabalhador por conta de outrem. Na RAM, esta operação estatística conta com a colaboração da Direção Regional do Trabalho e da Ação Inspetiva (DRTAI). A desagregação geográfica dos dados é referente ao local de trabalho dos trabalhadores, sendo a referenciação da informação atribuída com base no estabelecimento de trabalho", explica.

Foto DREM
Foto DREM dnoticias.pt

Encurtar de diferenças

Diz a DREM que, "em 2023, a distribuição do ganho mensal dos TCO da RAM revelou uma menor assimetria comparativamente à média nacional. Na RAM, a mediana do ganho mensal situou-se em 1.039,76€, sendo o rácio entre o 3.º e 1.º quartis igual a 1,51. A nível nacional, a mediana foi de 1.097,66€ e o rácio 3.ºQ/1.ºQ foi igual a 1,74", destaca. "Ao nível das regiões NUTS II, a Grande Lisboa foi a que apresentou o maior valor mediano do ganho mensal, atingindo 1.323,92€, seguida pelo Centro com 1.071,47€, pela Península de Setúbal com 1.068,94€, pelo Norte com 1.049,20€, pelo Alentejo com 1.043,76€ e pela RAM com 1.039,76€. A Região Autónoma dos Açores (RAA), o Algarve e a região do Oeste e Vale do Tejo foram as regiões que apresentaram os valores medianos mais baixos, atingindo 1.018,70 €, 1.029,57 € e 1.036,75€, respetivamente", reforça.

Por isso, sem surpresa, "a região da Grande Lisboa destaca-se como sendo a região com maior assimetria, tendo apresentado para o rácio 3.ºQ/1.ºQ o valor de 2,17, enquanto a RAA e o Algarve foram as regiões que apresentaram os rácios mais baixos, ambas com 1,48".

Diz a DREM que na Região, "a diferença no valor mediano do ganho mensal entre os dois sexos foi também notória: 1.007,87€ para o feminino e 1.069,79 € para o masculino. A disparidade no ganho médio mensal entre sexos tem vindo a diminuir na RAM, tendo-se fixado em 5,3 %, em 2023, abaixo dos 8,3% no País", destaca. Para se ter uma ideia, em 2014, ou seja uma década antes, era o dobro (10,7%).

Também de realçar que, "o valor mediano do ganho mensal dos TCO foi superior entre os trabalhadores com idades entre os 35 e os 54 anos, situando-se em 1.077,59 €", enquanto "os trabalhadores até 34 anos apresentaram o valor mediano mais baixo, fixando-se em 983,17€, e os do grupo dos 55 ou mais anos registaram um valor mediano igual a 1.048,46€". Não será alheio o facto de o ganho mediano mensal dos TCO ter acompanhado "o aumento do nível de habilitações literárias, passando de 946,49 € nos ganhos dos TCO sem qualquer nível de escolaridade para 1.616,97€ nos ganhos dos TCO com nível de escolaridade no ensino superior. Em 2023, a disparidade no ganho médio mensal entre os níveis de habilitações na RAM, situou-se em 26,6%, inferior aos 30,8% do País", tendo baixado de 27,1% no ano anterior e o nível de disparidade mais baixa desde 2011.

Outro indicador interessante é "o ganho mediano mensal dos TCO que trabalhavam em 2023 na Região, com nacionalidade não pertencente à União Europeia (Extra UE-27)", que "foi inferior em 106,65 € ao dos TCO com nacionalidade portuguesa, atingindo respectivamente 939,77€ e 1.046,42€", sendo que na RAM "o valor mediano mensal do ganho dos TCO com contrato sem termo (1.103,24€) foi superior ao valor mediano do ganho dos TCO com contrato com termo (950,00€)", numa diferença ainda superior (153,24 euros) entre estes dois grupos.

Por sector de actividade, o da "'Indústria, construção, energia e água' era o que apresentava um ganho médio mensal dos TCO superior (1.336,76€), 1,0% acima da média regional. Os sectores dos 'Serviços' (1.323,32€) e da 'Agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca' (1.042,46€) observavam valores abaixo da referida média. A disparidade no ganho médio mensal entre sectores de actividade na RAM fixou-se em 1,9%, abaixo dos 5,2% a nível nacional", aponta.

No tamanho das empresas, o escalão daquelas "com 500 e mais pessoas era aquele que registava o ganho médio mensal mais elevado, 1.614,45€, estando 21,9% acima da média regional, e o escalão das empresas com 1 a 9 trabalhadores era o que apresentava ganhos médios mensais inferiores (1.081,19€), embora tenha registado um acréscimo de 8,9% face a 2022. A disparidade do ganho médio mensal entre escalões de pessoal das empresas na RAM situou-se em 15,0%, inferior aos 16,4% no País", calcula a DREM.

A análise vai ao pormenor das profissões, sendo que o ganho médio teve o maior incremento "nos 'Operadores de instalações e máquinas e trabalhadores da montagem', grupo que registou um aumento de 8,5% (+96,11€) face a 2022, seguido dos 'Trabalhadores dos serviços pessoais, de proteção e segurança e vendedores', com um crescimento de 7,9% (+77,44€), situando-se, em 2023, os ganhos médios das referidas profissões em 1.229,06€ e 1.054,97€, respectivamente. A disparidade do ganho médio mensal entre profissões na RAM tem vindo a diminuir nos últimos anos, passando de 40,9% em 2013 para 31,6% em 2023", asseguram os indicadores. "No último ano, a redução foi de 1,2 pontos percentuais (p.p.). A nível nacional, em 2023, este indicador era de 36,3%, refletindo uma redução de 0,6 p.p. face ao ano anterior".

Outro pormenor curioso é "a proporção de população empregada por conta de outrem que mudou de empresa em 2023, em relação ao emprego total, foi de 11,7%, um aumento de 1,8 p.p. face ao ano anterior", indicador que tem vindo a aumentar desde 2018, altura em que não chegava aos 5%.

Por fim, conclui a DREM, "a taxa de atracção líquida em 2023, isto é, a razão entre a diferença entre o fluxo de entrada e o fluxo de saída de TCO entre o ano 2022 e 2023 e o número médio de trabalhadores por conta de outrem entre 2022 e 2023, foi positiva em todos os municípios da RAM, excepto na Ponta do Sol e Santana, que registaram taxas de -3,6% e -3,4%, respectivamente. O Porto Santo apresentou a taxa mais alta, de 2,1%. A média da RAM foi de 1,4%, registando um aumento de 0,4 p.p. face a 2022".