O principal acusado do caso Pelicot, Dominique Pelicot, admitiu esta quarta-feira que atraiçou a sua ex-mulher, Gisèle, que drogou durante anos para a violar e permitir que dezenas de homens recrutados pela Internet a violassem.
"Infelizmente, os meus últimos dez anos foram uma catástrofe. Amei-a mal, não a respeitei e traí-a", afirmou Dominique Pelicot na audiência com a imprensa no Tribunal Penal de Vaucluse, em Avignon (sul de França).
Dominique Pelicot repetiu esta quarta-feira novamente que não tocou em mais ninguém da sua família: nem nos filhos, nem nos netos.
Durante as suas declarações, Dominique Pelicot virou-se para a mulher com quem esteve casado durante 50 anos e agradeceu aos filhos por terem tomado conta dela após ter sido detido em setembro de 2020.
"Agradeço aos meus filhos por terem tomado conta de ti quando eu estava preso", disse o septuagenário, perante o olhar indiferente da ex-mulher, que respondeu às justificações do ex-marido sobre as violações.
"Todos nós tivemos traumas na infância, eu própria os sofri e não foi por isso que me tornei numa criminosa. Depois, tomamos as nossas próprias decisões", afirmou Gisèle Pelicot.
Drogava a mulher para ser violada por homens contratados
Dominique Pelicot, de 71 anos, recrutou dezenas de homens pela internet para violar a mulher na casa da família, em Mazan, uma pequena aldeia de seis mil habitantes.
O homem, principal acusado do processo, assumiu ter planeado os crimes, entre 2011 e 2020.
Além do marido, há 72 suspeitos no caso, mas apenas 50, com idades entre os 26 e os 74 anos, foram identificados e rastreados.
A maioria poderá enfrentar uma pena de até 20 anos de prisão por violação agravada, em caso de condenação. 18 pessoas já estão em prisão preventiva.