Em comunicado, assinado pelo tenente-general João Cruz Mavinga Lúcifer, chefe da direção das Forças Especiais das FAC, o grupo refere que morreram durante o ataque inicial, lançado hoje às 04:00, contra uma posição das Forças Armadas Cabindesas (FAC) na aldeia de Kimbanza-Vingi, em Necuto, quatro militares das FAC e nove civis.

Os combates terão prosseguido em território congolês, na aldeia de Kimbanza-Mbemba, na fronteira entre a República Democrática do Congo e Cabinda, onde três soldados angolanos foram mortos pelas FAC e dois civis congoleses foram abatidos pelas FAA, acrescenta.

Segundo o mesmo comunicado, mais de 250 soldados angolanos fizeram uma incursão na aldeia de Kionzo, na República Democrática do Congo.

A Lusa contactou o Ministério da Defesa angolano e o Governo congolês para obter confirmação deste relato, sem obter respostas até ao momento.

O Estado-Maior das FAC diz ainda que "esta provocação mortífera e flagrante do cessar-fogo unilateral decretado em 14 de abril de 2025, em apoio à iniciativa de paz em Cabinda proposta pelo grupo parlamentar da UNITA", demonstra que "João Lourenço [Presidente angolano] não quer dar qualquer oportunidade à paz e ao diálogo".

No mês passado, o Governo angolano considerou a situação em Cabinda "estável" e negou a existência de qualquer conflito armado no território, reagindo ao anúncio de um suposto cessar-fogo pelos independentistas da Frente de Libertação do Estado de Cabinda - Forças Armadas de Cabinda (FLEC-FAC).

Na altura, o executivo angolano repudiou também "as supostas negociações entre o partido político UNITA e o citado grupo terrorista conforme propala certa imprensa".

A União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA, maior partido na oposição) anunciou, em março passado, a intenção de apresentar no parlamento um projeto de resolução para "exigir o fim imediato e incondicional das hostilidades militares" na província angolana de Cabinda e "início imediato das negociações de paz".

Representantes da UNITA e da FLEC-FAC encontraram-se na semana passada em Bruxelas e exortaram o Governo angolano a aceitar o apelo ao diálogo feito no âmbito do cessar-fogo unilateral declarado pela FLEC em Cabinda, em vigor até 14 de junho próximo.

A FLEC-FAC reivindica há vários anos a independência do território de Cabinda, província no norte de Angola, de onde provém grande parte do petróleo do país, evocando o Tratado de Simulambuco, de 1885, que designa aquela parcela territorial como protetorado português.

 

RCR // MLL

Lusa/fim