
Várias famílias residentes no bairro do Talude Militar cujas casas foram mandadas demolir pela Câmara Municipal de Loures voltaram a dormir esta noite em tendas ou ao relento, disse à Lusa Engels Amaral, do movimento Vida Justa.
Em declarações à Lusa, Engels Amaral, disse que várias famílias, que não conseguiu quantificar, continuam a dormir no bairro, sem "qualquer alternativa".
"As famílias têm tido nos últimos dias apoio alimentar decorrente da campanha lançada pelo Vida Justa. No que diz respeito à Câmara Municipal de Loures, não houve quaisquer desenvolvimentos, mas estiveram ontem [quinta-feira] assistentes sociais no bairro", disse.
Engels Amaral adiantou também à Lusa que no sábado e no domingo a partir das 09:00 vai ser feita uma limpeza no terreno do Bairro do Talude Militar.
"Apelamos a toda a população que queira ajudar que se desloque ao bairro para ajudar nos trabalhos de limpeza do terreno", referiu.
As autarquias de Loures e Amadora promoveram esta semana operações de demolição de habitações precárias ilegais, desalojando várias famílias nos dois concelhos.
Loures iniciou na segunda-feira uma operação de demolição de 64, onde vivem 161 pessoas, no Bairro do Talude Militar.
No primeiro dia foram demolidas 51 construções, tendo a suspensão das operações sido decretada no segundo dia pelo Tribunal Administrativo de Lisboa na sequência de uma providência cautelar interposta por 14 moradores.
Na Amadora, na Estrada Militar da Mina de Água, no antigo bairro de Santa Filomena, está prevista a demolição da totalidade das 22 construções ilegais, onde vivem cerca de 30 adultos e 14 crianças e jovens.
Na quinta-feira, o movimento Vida Justa acusou também, em carta aberta, a autarquia de Odivelas e o Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) de realizarem "despejos sem apresentar alternativas habitacionais", confirmados à Lusa por duas moradoras do bairro na Urmeira.
A carta aberta divulgada pelo Vida Justa a propósito da situação no bairro do Talude Militar, em Loures, contém um parágrafo onde se lê: "Também em Odivelas, na Urmeira, o Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU), juntamente com esta autarquia, tem promovido despejos sem apresentar alternativas habitacionais".
De acordo com Engels Amaral, em menos de 24 horas, mais de duas mil pessoas e 60 organizações assinaram a carta aberta contra os despejos nos concelhos de Amadora, Loures e Odivelas e exigiram uma solução.
"Exigimos a suspensão imediata dos despejos perante a crise de falta de respostas habitacionais. Exigimos um programa nacional de emergência habitacional e realojamento para as famílias sem casa ou em risco de despejo", disse.