A polícia australiana encontrou nos arredores da Sydney explosivos e uma lista de alvos judaicos, em plena escalada de ataques antissemitas nas principais cidades do país, sobretudo com fogo posto e 'grafitis'.
"Isto é certamente uma escalada", afirmou o vice-comissário da polícia de New South Wales, David Hudson, referindo-se ao recente aumento dos crimes antissemitas em Sydney, capital deste estado australiano, onde vários carros e empresas têm sido incendiados e edifícios pintados com 'graffiti' antissemitas.
No dia 19 de janeiro, as autoridades australianas encontraram numa caravana no subúrbio de Dural, em Sydney, um carregamento de 'Powergel', um explosivo utilizado na indústria mineira, juntamente com uma lista com alvos judaicos.
Segundo o comissário australiano, os explosivos encontrados eram suficientes para construir uma bomba com uma área de explosão de cerca de 40 metros.
Hudson avançou ainda que as autoridades já prenderam vários suspeitos, mas que os mesmos não estavam relacionados com os explosivos encontrados na caravana.
O comissário referiu que existiam indícios de que os explosivos poderiam ser "utilizados, de alguma forma, num ataque antissemita", mas recusou-se a identificar os potenciais alvos judeus, alegando que não seria "apropriado nomear os alvos", mas garantiu que a comunidade judaica seria informada sobre os mesmos.
“Intolerável”
Na rede social X, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Gideon Saar, qualificou a tentativa de ataque como um ato "intolerável".
"A tentativa de ataque terrorista antissemita a uma sinagoga em Sydney é intolerável. A epidemia de antissemitismo está a espalhar-se na Austrália quase sem controlo. Esperamos que o Governo australiano faça mais para travar esta doença!", afirmou o ministro israelita.
O primeiro-ministro do estado de Nova Gales do Sul, Chris Minns, avançou que as autoridades antiterroristas estavam a investigar a descoberta dos explosivos.
"Esta é a descoberta de um potencial evento de vítimas em massa. Só há uma forma de o descrever, que é o terrorismo. É com isso que estamos muito preocupados", afirmou Minns, que sublinhou que o ataque lançará o terror na comunidade judaica, que deverá ser enfrentado "com todos os recursos do Governo".
Ataques aumentaram
Desde o início da guerra na Faixa de Gaza entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas, no dia 7 de outubro de 2023, os ataques incendiários e de 'graffiti' aumentaram substancialmente nas maiores cidades da Austrália, entre as quais Sydney e Melbourne, que albergam 85% da população judaica do país.
No início de janeiro, a sinagoga de Sydney foi pintada com várias suásticas, um ato classificado pelas autoridades como um "ataque de ódio".
Em dezembro de 2024, a sinagoga Adass Israel, na cidade de Melbourne, foi alvo de um ataque incendiário, classificado pelas forças de segurança da Austrália como um ato terrorista.
O ataque está a ser investigado por uma equipa conjunta de luta contra o terrorismo que envolve autoridades policiais federais e estaduais.
Em 2024, o Governo australiano nomeou assessores especiais para combater o antissemitismo e a islamofobia na comunidade.