Os ataques às embaixadas do Ruanda, França, Bélgica, Estados Unidos, Uganda e Quénia foi realizado por manifestantes, quando os rebeldes avançam no leste do país, segundo fontes diplomáticas.
O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Noël Barrot, qualificou de "inaceitáveis" os ataques, adiantando que os manifestantes "incendiaram o edifício", afirmando que tudo está a ser feito para assegurar a segurança do pessoal, escreveu o chefe da diplomacia francesa na rede social X.
Hoje também, a ONU, através do Programa Alimentar Mundial, alertou para a falta de alimentos na cidade de Goma, precisamente onde se verificam há seis dias violentos combates em áreas residenciais entre o grupo rebelde M23 e as forças armadas congolesas.
A situação só pode piorar nas próximas horas com o encerramento do aeroporto de Goma e o bloqueio das principais vias de acesso, afirmou a porta-voz da agência, Shelley Thakral, a partir de Kinshasa.
Estima-se que pelo menos uma em cada quatro pessoas em Goma corre o risco evidente de morrer de fome se a situação não for desbloqueada.
Numa série de audições sobre a situação na RDCongo, foi também referido que, desde segunda-feira, se verificou uma interrupção total do acesso à Internet nesta cidade de cerca de dois milhões de habitantes, a principal cidade do leste do país, e que o abastecimento de água e eletricidade está em risco.
A ONU teve de retirar temporariamente o seu pessoal de operações não essenciais e o PAM foi obrigado a suspender as entregas de alimentos à população devido à escalada da violência.
"Regressaremos o mais rapidamente possível", declarou Thakral.
O porta-voz do Gabinete das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários, Jens Laerke, afirmou que os combates são muito intensos e que há muitos cadáveres nas ruas de Goma.
Acrescentou ainda que há relatos de violência sexual perpetrada pelos combatentes, bem como de pilhagem de propriedade privada, hospitais e armazéns com bens humanitários.
De acordo com testemunhos de equipas médicas, os hospitais estão a receber uma vaga crescente de feridos.
O diretor para África do Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Patrick Youssef, declarou que "há tiroteios em zonas com muitos habitantes" e que foi observada a utilização de artilharia pesada em zonas densamente povoadas, bem como contra campos de deslocados.
De acordo com a ONU, os acampamentos que continham pelo menos 300.000 pessoas deslocadas "foram esvaziados em poucas horas" na sexta-feira, uma vez que os combates se aproximavam rapidamente e que ataques como os relatados eram previsíveis.
Neste contexto, o responsável referiu que um dos hospitais que o CICV apoia com equipamento e material médico recebeu uma centena de feridos em 24 horas, um número semelhante ao recebido mais de um mês antes do início destes novos combates, pelo que foi necessário improvisar uma área de cuidados médicos no parque de estacionamento.
Goma é palco de combates entre as forças armadas congolesas e os combatentes do M23 aliados às tropas do Ruanda.
O M23 e os soldados ruandeses entraram no domingo à noite na cidade de mais de um milhão de habitantes - e com quase o mesmo número de deslocados - no final de um avanço relâmpago de várias semanas lançado após o fracasso, em meados de dezembro, da mediação de Angola entre a RDCongo e o Ruanda.
JMC // VM
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