
A Alemanha encerrou a embaixada do país no Sudão do Sul, face ao alerta de risco iminente de uma guerra civil, devido ao conflito étnico do estado do Alto Nilo, anunciou o Governo.
"Após anos de paz frágil, o Sudão do Sul está de novo à beira de uma guerra civil e a segurança dos nossos colegas é a principal prioridade", disse hoje a ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Annalena Baerbock, numa declaração publicada na sua conta da rede social BlueSky.
Segundo a Europa Press, a decisão surge na sequência dos combates entre as milícias do Exército Branco, um grupo armado da etnia Nuer, a que pertence o vice-Presidente Riek Machar, e o exército sul-sudanês do Presidente Salva Kiir, líder da etnia Dinka.
Trata-se de um reacendimento do conflito de longa data entre os dois rivais políticos, que até agora eram aliados forçados.
Dezenas de pessoas foram mortas nos combates, uma vez que Machar e Kiir voltaram a culpar-se mutuamente por uma onda de violência que, embora esteja a ocorrer a mais de 1.300 quilómetros da capital, Juba, corre o risco de se alastrar à medida que os combates se propagam para fora do estado.
"O Presidente Kiir e o vice-Presidente Machar estão a mergulhar o país numa espiral de violência", advertiu Baerbock, que apelou à sua 'responsabilidade' para que parem 'com este disparate' e apliquem finalmente o acordo de paz" firmado em 2018, que pôs fim à guerra civil no país africano.
O Presidente do Sudão do Sul demitiu na quarta-feira o governador do estado do Alto Nilo, da oposição, e nomeou um general, em plena onda de violência que atingiu o norte do país nas últimas duas semanas.
A televisão estatal sul-sudanesa anunciou que Salva Kiir nomeou Koang Chuol Ranley como novo governador do Alto Nilo, em substituição de James Odhok, num decreto polémico que viola o acordo de paz de 2018 que pôs fim à guerra de cinco anos entre o Governo de Kiir e a oposição liderada por Riek Machar.
A decisão surgiu no meio de uma onda de violência no Alto Nilo que se seguiu a um ataque da milícia do Exército Branco, originalmente ligada à oposição, a uma guarnição governamental na cidade de Nasir, em 4 de março.
A onda de violência tem levantado receios de que o Sudão do Sul possa voltar a um estado de guerra após o vivido entre 2013 e 2018, no qual morreram cerca de 400 mil pessoas e quatro milhões ficaram deslocados.
Muitos dos termos do acordo de paz não foram executados.
Os últimos dias no Sudão do Sul foram marcados pelas detenções de vários responsáveis políticos e de segurança próximos de Machar.
Estes acontecimentos suscitaram preocupações sobre o frágil acordo de paz assinado em 2018 entre o campo de Salva Kiir e o de Machar, inimigos históricos.