O Bispo do Funchal afirmou, hoje, que “Deus quis e quer estar presente no mundo por meio da Igreja” e que “o pecado dos seus membros torna certamente mais difícil o acolhimento do Evangelho; mas jamais será capaz de manchar a santidade surpreendente que a adorna, porque esta vem de Deus e não dos homens, e para ela flui incessantemente”.

Estas palavras foram proferidas na homilia da missa crismal, pelo Bispo D. Nuno Brás, que decorre na Sé do Funchal, e que é concelebrada por todos os sacerdotes. Nesta celebração são renovadas as promessas sacerdotais e os óleos dos sacramentos são consagrados e benzidos para que depois da missa sejam levados pelos párocos para as suas paróquias e para celebrar os sacramentos ao longo do próximo ano.

A Igreja é um povo que apenas faz sentido numa constante referência ao Senhor; numa dependência constante dele; numa ininterrupta indigência da sua graça. Sem Cristo Rei, deixará de ser povo de reis; sem Cristo Sacerdote, deixará de ser povo sacerdotal; sem Cristo, o Santo, deixará de ser nação santa. Não existe Igreja sem Jesus. Como afirmou o Papa Francisco: ficaria reduzida a uma simples ONG piedosa. Bispo D. Nuno Brás

Dirigindo-se aos sacerdotes, o Bispo do Funchal lembrou que fazem parte do povo sacerdotal, mas recordou que não são delegados do povo, apesar de o representarem, nem tão pouco seus funcionários. “Somos presença de Jesus. Pecadores como os demais, somos — com eles e como eles — peregrinos de esperança, buscadores da plenitude do Reino. Como presença sacramental do Senhor, trazemos connosco o tesouro da graça divina, a oferta da salvação — mas trazemo-lo nos vasos de barro, com as nossas vidas, pecadoras e frágeis”, apontou.

Apelou a que os sacerdotes não tenham vergonha de manifestar que são presença de Deus. “É nossa missão mostrar profeticamente o caminho que falta ainda percorrer a todo o povo e ao mundo inteiro”, disse.

“Como presença do Deus feito Homem, queremos ser, cada vez mais, anunciadores de humanidade”, assumiu D. Nuno Brás, numa referência ao Jubileu de 2025, acrescentando ser ainda importante “procurar abrir, diante de todos, novos horizontes de vida”.

Neste mundo de gente solitária, havemos de ser construtores de verdadeira comunidade; neste mundo de egoísmos, havemos de ser anunciadores da felicidade de ser, viver e construir uns com os outros; neste mundo de somas e subtracções, havemos de mostrar que, uns com os outros e com o Senhor Jesus, multiplicamos e podemos muito mais que a soma das nossas capacidades. Bispo do Funchal

Terminou a homilia apontando que os sacerdotes querem ser “anunciadores de que, apesar de todas as limitações e falhas humanas, Deus torna possível não vivermos só das pequenas esperanças e sonhos que sempre se encontram na vida de todos, mas vivermos da esperança definitiva e final que oferece um sentido verdadeiro à vida de cada um e de todos”.

“Não existe nada de mais feliz que ser anunciador desta esperança última e da sua possibilidade”, termina.