
"No prosseguimento das diligências levadas a cabo pela mediação angolana no conflito que afeta o leste da República Democrática do Congo, o Governo da República de Angola torna público que delegações da República Democrática do Congo e do M23 iniciarão negociações diretas para a paz, no dia 18 de março, na cidade de Luanda", lê-se no único parágrafo do comunicado.
O anúncio vem na sequência da divulgação, na segunda-feira, na página da Presidência angolana na Internet, que Angola ia iniciar contactos com os rebeldes do M23 para trazer a Luanda delegações deste movimento armado e da República Democrática do Congo (RDCongo) para pôr fim ao conflito no leste deste país.
A iniciativa foi feita após uma visita do Presidente democrático-congolês, Félix Tshisekedi, que se encontrou na segunda-feira em Luanda com o seu homólogo angolano, João Lourenço, que tem atuado como mediador no conflito.
O grupo rebelde Movimento 23 de março (M23) tem avançado no território democrático-congolês desde janeiro, altura em que tomou Goma, capital da província de Kivu Norte.
Em fevereiro, o M23, que é apoiado pelo Ruanda - segundo a ONU e países como os EUA, a Alemanha e a França -, apoderou-se de Bukavu, a capital estratégica da vizinha província de Kivu Sul.
Os rebeldes controlam agora as capitais destas duas províncias, que fazem fronteira com o Ruanda e são ricas em minerais como o ouro e o coltan essenciais para a indústria tecnológica e para o fabrico de telemóveis.
Desde segunda-feira ocupam um novo território, o distrito de Kaziba, que dista quase 45 quilómetros de Bukavu.
Em 24 de fevereiro, a primeira-ministra da RDCongo, Judith Suminwa, declarou em Genebra que, de acordo com os números do Ministério da Saúde Pública, desde janeiro último o conflito causou a morte de mais de 7 mil pessoas, dos quais cerca de 2.500 foram enterrados sem identificação.
A atividade armada do M23 - um grupo constituído principalmente por tutsis vítimas do genocídio ruandês de 1994 - recomeçou em novembro de 2021 com ataques relâmpagos contra o exército governamental no Kivu Norte tendo avançado em várias frentes e fazendo temer uma possível guerra regional.
Estima-se que mais de 8.500 pessoas perderam a vida devido à violência contínua, desde janeiro, e aproximadamente 600.000 pessoas foram deslocadas desde novembro de 2024.
O Presidente angolano tem atuado como mediador no conflito na República Democrática do Congo, tendo sido designado pela União Africana como facilitador para promover a paz e a segurança na região e reduzir as tensões entre a RDCongo e o Ruanda.
Angola assumiu em fevereiro a presidência rotativa da União Africana, mantendo-se João Lourenço como mediador neste conflito.
As várias tentativas de reunir à mesma mesa as partes breligerantes têm saído goradas até ao momento.
EL (RCR) // MLL
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