O modelo de debates acordado entre as três televisões e os líder dos nove partidos com assento parlamentar é o mesmo de há um ano. Mas há uma questão que está a incomodar o secretário-geral do PS e outros líderes partidários, como André Ventura e Mariana Mortágua.

Depois de o semanário Expresso noticiar que Luís Montenegro vai dar o seu lugar ao parceiro de coligação nos frente-a-frente com Bloco, Livre e PAN, Pedro Nuno Santos informou que não só partcipará em todos os debates, como criticou o principal adversário por recusar fazê-lo com todos.

“A recusa de Luís Montenegro em debater com o BE, o Livre e o PAN é inaceitável. Fugir ao debate revela medo e um padrão preocupante num candidato a primeiro-ministro. Diz que “tem mais que fazer do que responder aos deputados”, evita os jornalistas e agora divide os partidos entre partidos de primeira e de segunda”, escreveu o socialista na rede social X.

Mas a resposta não tardou. Também através do X, Luís Montenegro esclarece que não foge a debates mas, diz, “a democracia deve respeitar que numa coligação possam intervir todos os parceiros com representação parlamentar”.

O ministro da Defesa e presidente do CDS-PP diz perceber que certos partidos "possam ter receio de debater" consigo, mas afirmou, à margem de um uma visita à Base Aérea N.º 11, no distrito de Beja, estar "sempre à disposição" para fazê-lo.

Às críticas do socialista no X juntaram-se André Ventura e Mariana Mortágua, que acusa Montenegro de escolher os adversários que considera que lhe podem ser mais convenientes.

“Eu quero debater com Luís Montenegro, se Nuno Melo vier a debate enquanto representante do CDS, terei todo o gosto. Mas Nuno Melo vai servir para Luís Montenegro poder escolher os adversários com quem quer debater e excluir outros do debate. Não há razão justificável. Achar que um debate é incomodo não é razão para alguém não fazer o debate e fugir dele. Em democracia não é assim”, sustentou o coordenadora do Bloco, precisamente um dos partidos que iria ou irá debater com Nuno Melo.

Mais crítico, o líder do Chega acusa Montenegro de "cobardia política" e de ter medo. “Acho que é lamentável que o primeiro-ministro se recuse a debater com outras forças políticas com representação parlamentar e que claramente esteja a querer fugir aos debates”, disse André Ventura.

Ventura considerou ainda que Luís Montenegro "percebe que os debates lhe vão ser incómodos, percebe que os debates lhe vão ser difíceis, e então quer enviar para os debates alguém que nem sequer é candidato, o presidente do CDS".

"Isso é absolutamente desprestigiante, mostra cobardia política, mostra que está com medo de debater e mostra que quer fugir a esse escrutínio e a esse debate", acusou.

Modelo ainda não está fechado

As televisões propuseram repetir o modelo do ano passado, mas o modelo não ficou fechado. Ao todo serão 27 frente-a-frente entre todos os líderes partidários nos canais generalistas e no cabo, e um debate final entre Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos.

Os debates deverão arrancar no próximo dia 8 de abril e terminam dia 28.

Apesar de ter manifestado discordâncias face ao modelo de debates adoptado, o PCP informa, esta quarta-feira, que, e “apesar disso”, o secretário-geral Paulo Raimundo participará nos debates com os “líderes das forças políticas concorrentes às eleições legislativas de 18 de maio nos termos concretizados em 2024”.