
O presidente do Conselho Europeu demonstrou esperança num acordo de paz na Ucrânia, confirmando, após uma videoconferência com os líderes da União Europeia, esta terça-feira, que o bloco europeu debateu “o 19.º pacote de sanções à Rússia, de forma a garantir pressão à Rússia para travar a guerra”.
Aos jornalistas, em declarações prestadas na representação da Comissão Europeia em Lisboa, António Costa foi informado pelos líderes europeus sobre a reunião em Washington com os Presidentes da Ucrânia e dos Estados Unidos. Explicou que foram discutidas “as garantias de segurança para um futuro de paz” na Ucrânia e considerou ter sido “especialmente importante o Presidente Trump ter confirmado a disponibilidade dos EUA para participar nas garantias de segurança”.
António Costa expressou ser importante “preparar as desejadas conversações bilaterais, trilaterais e quadrilaterais que possam ter lugar o mais depressa possível”, depois de uma videoconferência com líderes europeus. A vontade da UE é de estar presente na mesa das negociações, apesar dos possíveis futuros diálogos não incluírem Bruxelas.
Ainda assim, salientou que “ao longo das próximas semanas” há “muito trabalho pela frente”, e “é preciso continuar este trabalho para ter sucesso”.
A intervenção de António Costa juntou-se a muitas outras de outros chefes de Estado da UE, que mostram vontade em levar avante as negociações com a Ucrânia para acabar de vez com a guerra e a invasão russa. Costa juntou a isso preocupações com a integridade territorial e militar da Ucrânia e com “o retomar da troca de prisioneiros”, pedindo que se avance “na devolução das crianças raptadas” por soldados russos “e que estão desaparecidas”.
O ex-primeiro-ministro português e representante dos líderes europeus fez questão de apontar que a integração da Ucrânia na União Europeia também deve entrar na discussão do futuro do país, apontando para uma “perspetiva de estabilidade, de desenvolvimento e prosperidade que o acesso à UE assegurará”.
Questionado sobre a possibilidade de serem enviadas tropas estrangeiras para a Ucrânia, o presidente do Conselho respondeu que convém ter uma noção clara que “a ação da Europa e dos Estados Unidos será sempre uma ação de suporte e de apoio”.
“Creio que depois de três anos e meio de guerra, ninguém tem dúvidas sobre a capacidade das Forças Armadas ucranianas, mas também ninguém tem dúvidas que o passado nos ensina que os compromissos sucessivamente assumidos pela Rússia foram sucessivamente violados pela Rússia e não podemos permitir que no futuro se repita o que aconteceu no passado”, acrescentou.
Durante a conferência, o presidente do Conselho Europeu publicou na rede social X (antigo Twitter) uma fotografia a acompanhar uma descrição em que garantia que a Ucrânia vai “permanecer no topo das agendas dos líderes durante as próximas semanas e meses”, sublinhando que o primeiro passo deve recair sobre a Rússia, que deve “acabar com a violência imediatamente”.
A videoconferência organizada por António Costa seguiu-se a uma reunião copresidida pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, e pelo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e que juntou 30 países, maioritariamente europeus.
Numa declaração lida no final de uma reunião extraordinária do Conselho Europeu, por videoconferência, Costa defendeu também que reforçar as Forças Armadas da Ucrânia é a única maneira de assegurar que uma eventual paz seja duradoura.
“Quem tem os pés no terreno, quem está na linha da frente, e as bases das garantias de segurança são as Forças Armadas ucranianas”, acrescentou.
A reunião extraordinária do Conselho Europeu decorreu depois de um encontro, na segunda-feira em Washington, entre o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, os homólogos ucraniano, Volodymyr Zelensky, francês, Emmanuel Macron, finlandês, Alexander Stubb, e os chefes dos Governos britânico, Keir Starmer, e alemão, Friedrich Merz.
Estiveram ainda presentes a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, e a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni.