O presidente eleito do Conselho Europeu, António Costa, recordou hoje o seu passado político no município de Lisboa e no Governo português para defender uma "Europa comum" com vista à segurança, crescimento económico e maior presença diplomática.

"Fui presidente da Câmara de Lisboa e orgulho-me de ter servido a minha cidade, fui primeiro-ministro de Portugal e orgulho-me de ter servido o meu país. Assumo agora o cargo de presidente do Conselho Europeu e orgulho-me de servir a União Europeia (UE). Lisboa é a minha cidade, Portugal é o meu país e a Europa é a nossa casa comum, não há qualquer contradição entre estes três níveis", declarou António Costa.

Falando na cerimónia de passagem de testemunho do atual presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, em Bruxelas, o ex-primeiro-ministro português vincou: "Hoje em dia, num mundo globalizado -- a única forma de sermos verdadeiramente patrióticos, de assegurarmos a soberania, é construir uma Europa comum".

"Só juntos poderemos defender a segurança, a estabilidade e a paz no nosso continente, só juntos poderemos alcançar uma prosperidade partilhada, crescimento económico e a transição climática e só juntos poderemos fazer com que a voz da Europa seja ouvida na cena internacional - a unidade é a força vital da União Europeia", salientou.

No domingo, António Costa inicia funções como presidente do Conselho Europeu, a instituição composta pelos chefes de Governo e de Estado da UE, que define as orientações e prioridades políticas comunitárias.

É o primeiro português e o primeiro socialista a assumir a liderança da instituição.

Costa pede esforço para autonomizar UE em matéria de defesa e segurança

O presidente eleito do Conselho Europeu considerou que a paz na Ucrânia "não pode ser a dos cemitérios" e apelou a um esforço para autonomizar a União Europeia (UE) em matéria de defesa e segurança.

"A paz não pode ser a paz dos cemitérios, a paz não pode ser capitulação. A paz não pode recompensar o agressor, a paz na Ucrânia tem de ser justa", disse.

Perante a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, António Costa advertiu que apesar de a guerra ser no território ucraniano, "estão em causa dos princípios universais consagrados na Carta das Nações Unidas".

O presidente eleito do Conselho Europeu, que vai iniciar funções no domingo, 01 de dezembro, por um período de dois anos e meio, acrescentou que é necessário "escrever um novo capítulo da UE enquanto projeto de paz".

"Tornando-nos mais fortes, mais eficientes, mais resilientes e, sim, mais autónomos em matéria de segurança e defesa. Assumindo um ónus maior no que toca à nossa preparação militar. Reforçando simultaneamente os pilares da nossa parceria transatlântica", completou António Costa.

Alargamento da UE é de "urgência geopolítica" mas sem “prazos artificiais”

António Costa declarou hoje que há uma "urgência geopolítica" em cumprir o alargamento da União Europeia (UE) e pediu que seja concretizado "sem prazos artificiais" e "obstáculos indevidos".

"O alargamento é um poderoso instrumento de paz, de segurança e de prosperidade. Usemos, portanto esse instrumento! Tanto a UE como os países candidatos têm de trabalhar mais e mais depressa. Sem prazos artificiais, mas também sem obstáculos indevidos", completou o presidente eleito do Conselho Europeu.

O ex-primeiro-ministro de Portugal considerou que o alargamento "reforçará indubitavelmente" a União Europeia.

No entanto, "a paz, segurança e a resiliência" não são apenas questões do bloco comunitário e a UE tem de olhar para todo o planeta, excluindo conceitos que para António Costa estão desatualizados.

"Vivemos num mundo multipolar, com sete continentes diferentes e cento e noventa e dois países. Temos de os implicar, tecendo em conjunto uma rede mundial. Ao fazê-lo, devemos pôr de lado conceitos como o 'sul global' ou o 'norte global'. A ação externa da UE tem de reconhecer que tanto o sul como o norte são, na realidade, plurais", advogou.