
Actualmente, a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) do concelho do Funchal acompanha cerca de 210 crianças.
De acordo com Ana Nunes, entre as principais causas que dão origem a esse acompanhamento estão situações de violência doméstica e a exposição a comportamentos de risco, caso que têm vindo a aumentar nos últimos anos. A presidente da CPCJ do Funchal nota, também, que há "uma grande percentagem" de absentismos escolar, que leva à sinalização de algumas crianças e jovens do concelho.
No topo das causas estão, conforme deu conta, o divórcio dos pais, mas também a toxicodependência ou o alcoolismo.
Em todo o processo de acompanhamento, aquela responsável evidência a importância do consentimento dos progenitores para que a acção das diferentes entidades com as quais a CPCJ colabora possam intervir de modo mais eficaz. "Sem consentimento nós não conseguimos trabalhar porque perdemos a legitimidade", constata.
A CPCJ nunca trabalha sozinha. A CPCJ, como eu costumo dizer, trabalha sempre em conjunto com as outras entidades de primeira linha, sejam as escolas; a Segurança Social; a Saúde; o município, que também nos tem ajudado; a UCAD, ao nível de jovens já com alguma dependência, tanto em jogos, como em outras substâncias... nós trabalhamos sempre em parceria. Ana Nunes, presidente da CPCJ do Funchal
Ana Nunes, à margem da apresentação da Estratégia Local para os Direitos da Criança, hoje apresentada pela Câmara Municipal do Funchal, lamentava, ao DIÁRIO, a falta de "respostas a curto prazo", de modo a minorar a exposição ao risco. "Muitas vezes é preciso as pessoas acreditarem que a dependência económica não deve ser um impedimento para recomeçar do zero. Por muito que custe, uma separação, por muito que custe, é a solução mais adequada para pôr fim ao risco existente para as crianças e jovens e para os próprios progenitores", adianta, notando que, na maior parte dos casos, os agressores são do sexo masculino.