A deslocação de surpresa de Jensen Huang a Pequim surge na sequência da notícia de que Washington vai exigir uma licença para a empresa exportar os seus 'chips' H20 para a China.

Citado pela agência noticiosa oficial Xinhua, Huang garantiu estar "disposto a desempenhar um papel ativo na promoção da cooperação económica e comercial entre a China e os Estados Unidos", numa altura de graves tensões comerciais entre as duas potências, após a imposição mútua de tarifas superiores a 100%.

Huang expressou ainda "otimismo sobre as perspetivas económicas da China", considerando que "o mercado chinês tem enorme potencial de investimento e consumo, e a transformação e modernização industrial do país estão a acelerar", afirmou, de acordo com a agência oficial chinesa.

De acordo ainda com a Xinhua, o vice-primeiro-ministro chinês descreveu o país asiático como "a melhor arena de aplicação para a revolução tecnológica e a transformação industrial" e "um terreno fértil para empresas financiadas por estrangeiros investirem e efetuarem trocas comerciais".

"A China dá as boas-vindas a mais empresas financiadas por capital norte-americano para cultivarem a sua presença no mercado chinês e demonstrarem as suas vantagens e capacidades industriais", disse.

De acordo com contas nas redes sociais afiliadas à televisão estatal chinesa CCTV, Huang chegou a Pequim na quinta-feira a convite do Conselho Chinês para a Promoção do Comércio Internacional, organismo que representa os exportadores chineses.

Huang encontrou-se com Ren Hongbin, presidente do Conselho, a quem manifestou a sua esperança de que a Nvidia "possa continuar a cooperar com a China", porque considera o país um "mercado-chave" para a empresa.

As ações da Nvidia desvalorizaram quase 7%, na quarta-feira, no contexto da guerra comercial entre os EUA e a China.

A empresa anunciou esta semana um encargo trimestral de até 5,5 mil milhões de dólares (4,8 mil milhões de euros) nas suas contas devido a requisitos impostos pelo governo dos EUA, que exige agora uma licença para exportar os seus 'chips' H20 para a China.

O H20, que começou a ser vendido na China em 2024, é uma unidade de processamento gráfico (GPU) concebida para o mercado chinês em resposta aos controlos de exportação que Washington tinha anteriormente imposto aos semicondutores mais avançados da Nvidia.

Embora o H20 não seja tão potente como os 'chips' mais avançados da empresa, as autoridades norte-americanas decidiram impor-lhe também restrições, receando que pudesse ser utilizado para montar supercomputadores na China, no contexto da rivalidade tecnológica entre Washington e Pequim, nomeadamente no domínio da inteligência artificial.

As empresas chinesas ainda necessitam dos 'chips' da Nvidia para treinar e executar grandes modelos de linguagem (LLM), segundo analistas.

Mas se a atividade da Nvidia na China abrandar drasticamente, a empresa poderá perder 10% das suas receitas totais em relação ao ano passado.

O jornal norte-americano The New York Times noticiou esta semana que a administração Trump está a visar a empresa chinesa de inteligência artificial Deepseek, à qual a Nvidia fornece 'chips', por representar "uma ameaça à segurança nacional".

 

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