
A casa da ministra das Finanças indonésia foi saqueada entre a noite de sábado e este domingo, em Jacarta, segundo os soldados que guardavam a residência e também um vizinho, numa altura em que acontecem violentos protestos no país.
"No primeiro grupo de saqueadores, estavam dezenas de condutores de motas (...). No segundo grupo, estavam cerca de 150 pessoas. Levaram a televisão, a aparelhagem de som, os enfeites da sala, roupas, pratos e taças ", disse à agência de notícias AFP Damianus Rudolf, um dos vizinhos da ministra.
A ministra Sri Mulyani não estava na casa quando o saque ocorreu, segundo a agência de notícias Antara, citando duas testemunhas.
Este domingo, soldados guardavam a residência de Mulyani e camiões removiam artigos, de acordo com um jornalista da AFP presente no local.
Ex-diretora-geral do Banco Mundial, Mulyani é uma figura influente no atual Governo indonésio e já ocupou o Ministério das Finanças em três Presidências.
As casas de pelo menos três deputados, incluindo Eko Hendro e Ahmad Sahroni, também foram saqueadas nos últimos dias, segundo a agência de notícias Antara.
Presidente fala em "traição e terrorismo"
O Presidente indonésio, Prabowo Subianto, classificou os protestos violentos de "traição e terrorismo".
"O direito à reunião pacífica deve ser respeitado e protegido. Mas não podemos negar que há indícios de ações ilegais, até mesmo ilícitas, que chegam a configurar traição e terrorismo", disse num discurso no palácio presidencial, em Jacarta.
As manifestações começaram na segunda-feira contra os baixos salários e os benefícios financeiros para os parlamentares que são considerados excessivamente generosos.
O vídeo viral nas redes sociais de uma carrinha da polícia a atropelar e matar um jovem condutor de mototáxi em Jacarta, na quinta-feira, gerou furor, levando a polícia a dispersar milhares de manifestantes com gás lacrimogéneo. O presidente indonésio prometeu uma investigação "transparente" à morte do jovem de 21 anos, sendo que sete polícias já foram detidos. Estes protestos são os mais violentos desde que Subianto assumiu o poder em outubro do ano passado.
Na sexta-feira, no rasto das manifestações, três pessoas morreram em Makassar, na ilha de Sulawesi do Sul, num incêndio num edifício público.
As manifestações espalharam-se para grandes cidades do arquipélago, incluindo Yogyakarta, Bandung, Semarang e Surabaya, em Java, e Medan, na província de Samatra do Norte.
Com Lusa