No nosso país, o cancro colorretal é o segundo com mais novos casos e mortes, depois do tumor do pulmão. Em Portugal já ultrapassámos os 10 mil casos por ano e em termos de mortalidade chegámos aos 4 mil casos anuais, sendo que 11 portugueses morrem, por dia, devido a esta doença. 660 pessoas morrem todos os dias na Europa e 2 mil e 500 em todo o mundo.

Se for detetada numa fase precoce, é uma doença tratável, daí a importância extrema dos rastreios, considerada - aos dias de hoje - a forma de prevenção mais eficaz. A partir dos 50 anos, toda a população portuguesa deve ser rastreada e privilegiar uma vigilância médica regular, porque detectar atempadamente esta neoplasia maligna pode, efetivamente, salvar muitas vidas.

O cancro colorretal é um tumor maligno do intestino grosso, que atinge - normalmente - pessoas com mais de cinquenta anos. Na mulher, é o segundo tumor mais frequente a seguir ao cancro da mama e, no homem, é também o segundo logo a seguir ao cancro da próstata. Devido a este registo e à mortalidade significativa, a preocupação dos especialistas tem consistido, nos últimos anos, em conseguir diminuir a incidência desta doença.

Sintomas e sinais de alerta

Estes são alguns dos mais comuns:

  • Alteração súbita do funcionamento do intestino
  • Falsa vontade de evacuar, diarreias frequentes, obstipação
  • Sangue (vermelho vivo ou muito escuro) nas fezes.
  • Dores abdominais que se prolongam no tempo
  • Alteração do peso sem explicação aparente
  • Alteração do apetite
  • Anemia
  • Cansaço constante.
  • Náuseas e vómitos

Se tiver algum destes sintomas é importante que procure um médico para que se, algo se passar, poder ser diagnosticado precocemente. Mas qual é a importância deste diagnóstico precoce? Porque é possível diagnosticar o cancro numa fase inicial e isso implica resultados mais positivos na hora do prognóstico, uma vez que o tratamento pode ser mais eficaz e os dados sobre a mortalidade podem alterar-se brutalmente. De recordar que aos cinco anos de sobrevida, 90% dos doentes estará , se este for identificado em estadio inicial. Não obstante, se a doença só for diagnosticada em fase avançada, este número desce para 50%, ou seja, só metade dos doentes estarão vivos.

Fatores de risco

  • Idade: a probabilidade de ter cancro colo-rectal aumenta com o da idade. Mais de 90% dos diagnósticos desta doença, são efectuados em pessoas com mais de 50 anos. A idade média do diagnóstico é 65 anos.
  • Pólipos colorretais: os pólipos são saliências do tecido da parede do cólon ou do recto. São comuns em pessoas com mais de 50 anos. A maioria dos pólipos é benigna (não cancerígena), mas alguns pólipos podem tornar-se cancerígenos (adenomas). Detectar e remover os pólipos, pode reduzir o risco de cancro colorretal.
  • História familiar de cancro colorretal: os familiares próximos (pais, irmãos ou filhos) de uma pessoa com história de cancro colorretal, têm maior probabilidade de desenvolver a doença, especialmente se o familiar teve a doença ainda jovem. Se muitos familiares tiverem história de cancro colorretal, então o risco ainda é maior.
  • Alterações genéticas: se houver alterações em determinados genes, aumenta o risco de cancro colorrctal.
  • História pessoal de cancro colorretal: uma pessoa que já teve cancro colo-rectal, pode voltar a desenvolver o mesmo tipo de cancro. Mulheres que tenham história de cancro dos ovários, do útero (endométrio) ou da mama, também apresentam, de alguma forma, risco aumentado de desenvolver cancro colorretal.
  • Doença de Crohn ou colite ulcerosa: uma pessoa que teve, durante muitos anos, uma doença que provoca inflamação do cólon, como a colite ulcerosa ou doença de Crohn , tem risco aumentado de desenvolver cancro colorretal.
  • Dieta: alguns estudos sugerem que uma dieta rica em gorduras, especialmente gordura animal, e pobre em cálcio, folatos e fibras, pode aumentar o risco de cancro colo-rectal. Sugerem, ainda, que pessoas com uma dieta muito pobre em fruta e vegetais, podem ter risco aumentado de cancro colo-rectal. É necessário continuar a investigar de que forma a dieta afecta o risco de cancro colo-rectal.
  • Tabaco: uma pessoa que fume cigarros, pode ter risco aumentado de desenvolver pólipos e cancro colorretal

Prevenção do cancro colorretal e a importância do rastreio

  • Seguir um estilo de vida saudável: fazer exercício físico, ter uma dieta equilibrada, ter cuidado com o peso, ter uma alimentação baseada na dieta mediterrânica com muito peixe, legumes, fruta, entre outros. Não fumar e não beber álcool em excesso;
  • Realizar rastreio para ver se tem pólipos e conseguir detetar precocemente o cancro, caso seja esse o caso. Ou seja, o rastreio tem o duplo papel de prevenir e diagnosticar precocemente o cancro colorretal.

90%

dos tumores do intestino têm origem em pólipos benignos. Se eles forem identificados através de uma colonoscopia, podem ser retirados antes que se transformes em neoplasias malignas

Os especialistas aconselham que a partir dos 50 anos, todas as pessoas, mesmo que não tenham queixas intestinais, façam a sua colonoscopia de cinco em cinco anos. Além disso, a pesquisa de sangue oculto nas fezes deve também ser realizada a partir da mesma idade, de dois em dois anos, sendo que - se esta for positiva - o passo que se segue é as realização de uma colonoscopia.

A idade para rastreio fixou-se durante muito tempo nos 50 anos ou mais, uma vez que os dados refletem que 90% dos tumores surgem nesta idade, não obstante, nos últimos anos, o cancro colorretal tem aparecido cada vez mais em pessoas mais novas. É por isso importante que todos cidadãos saibam identificar os sintomas, assim como terem conhecimento dos exames que estão à sua disposição, independentemente da sua idade. Pessoas com histórico familiar também devem estar mais atentas.

Em caso de confirmação do diagnóstico de cancro, o melhor tratamento será indicado pelo médico. Pode incluir cirurgia, quimioterapia e/ou radioterapia. Consulte o site da Liga Portuguesa Contra o Cancro de forma a saber mais sobre os tratamentos.

No vídeo abaixo, Leopoldo Matos, gastroenterologista do Hospital Lusíadas de Lisboa, explica na rubrica CheckUp Seguro - iniciativa que pretende contribuir para o aumento da literacia em saúde na área do cancro - do projeto “Tenho Cancro. E depois?”, quais são os sinais a que deve estar atento e como pode prevenir esta doença oncológica, nomeadamente através da realização de rastreio.