
O presidente do PS Madeira, Paulo Cafôfo, lançou um forte apelo à União Europeia para que não deixe para trás as regiões ultraperiféricas, como a Madeira, e criticou a centralização crescente na gestão dos fundos comunitários. A intervenção decorreu na sessão de abertura do debate ‘O Papel da União Europeia no Desenvolvimento Regional’, a decorrer na Ponta do Sol com a presença dos eurodeputados Sérgio Gonçalves, Marcos Ros Sempere e da deputada regional Sílvia Silva.
Cafôfo agradeceu o trabalho de Sérgio Gonçalves em Bruxelas, que classificou como “competente e reconhecido”, lamentando que o Governo Regional e o PSD não o valorizem. “O teu papel não é defender o Partido Socialista, é defender a Região”, afirmou.
Ao traçar uma linha entre os dois momentos-chave da história contemporânea da Madeira — o 25 de Abril e a integração europeia —, o dirigente socialista sublinhou que a Europa “não foi só esperança, foi alavanca” para o desenvolvimento regional. “Há uma Madeira antes e uma Madeira depois da entrada na União Europeia”, disse, lamentando que o Governo Regional “cumprimente com o chapéu alheio” ao apropriar-se dos investimentos cofinanciados por Bruxelas.
Paulo Cafôfo criticou ainda a tentativa de esvaziar a política de coesão, denunciando cortes iminentes nas verbas da Política Agrícola Comum. “O que se anuncia é um corte directo de 22%, que com a inflação pode chegar aos 35%. Isto terá efeitos muito concretos na Região, por exemplo na produção de banana, como se vê na Madalena do Mar.”
A centralização dos fundos em Lisboa é, para o líder socialista, um perigo para a autonomia regional e para a coesão europeia. “Quem sabe da Madeira são os madeirenses. A definição das prioridades tem de ser feita por nós”, defendeu, classificando como “da maior gravidade” a retirada de poder às regiões no novo ciclo financeiro europeu (2028–2034).
Cafôfo destacou ainda a vantagem do PS Madeira ter representação nos três parlamentos — regional, nacional e europeu — o que, disse, permite uma acção política “articulada, coerente e eficaz”.
A concluir, deixou uma mensagem simbólica: “Quando a Europa se esquece das suas margens, perde o seu centro. E não pode perder o centro nem desviar-se dos objectivos que levaram à sua fundação.”