As autoridades palestinianas denunciaram hoje que pelo menos 73 pessoas morreram num novo bombardeamento israelita à cidade de Beit Lahia, no norte da Faixa de Gaza, "destruindo completamente um complexo residencial" e deixando vários civis feridos.

Um comunicado do Gabinete de Comunicação Social do Governo na Faixa de Gaza refere que o "exército de ocupação israelita continua uma clara guerra de limpeza étnica, erradicação e extermínio, desta vez no projeto Beit Lahia, na província norte da Faixa de Gaza, onde cometeu um massacre horrível".

A imprensa local, citada pela agência de notícias oficial palestiniana Wafa, também relatou o ataque e acrescentou que muitas pessoas ainda estão sob os escombros e, devido aos bombardeamentos e ataques de artilharia do exército israelita, as equipes de resgate não conseguem alcançá-las.

Além disso, segundo a Wafa, drones (aparelhos voadores não tripulados) israelitas dispararam contra tendas "que abrigavam famílias deslocadas no pátio do Hospital Kamal Adwan", na mesma cidade.

Fontes do Ministério da Saúde de Gaza confirmaram hoje à EFE que quase 500 pessoas foram mortas desde que as tropas israelitas retomaram a ofensiva em Jabalia, no norte da Faixa de Gaza, há mais de 15 dias.

Indicaram ainda que o cerco a que estão sujeitos os principais hospitais os deixou praticamente sem capacidade para tratar doentes.

Na madrugada de hoje, tanques israelitas cercaram e dispararam contra os três principais hospitais do norte, cruciais para tratar os feridos nesta área.

"A ocupação israelita está a intensificar os seus ataques ao sistema de saúde no norte da Faixa de Gaza, sitiando e atacando diretamente os três hospitais no norte durante as últimas horas", denunciou um porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza.

Os ataques israelitas continuaram também a atingir o campo de refugiados de Jabalia, o maior da Faixa de Gaza, nas últimas horas, segundo fontes locais que disseram à EFE que milhares de pessoas estão sem comida ou bebidas por causa do cerco e que há dezenas de corpos espalhados nas ruas.

ONU denuncia "horrores indescritíveis" no norte da Faixa de Gaza

Os palestinianos estão a viver "horrores indescritíveis" no norte da Faixa de Gaza, denunciou a chefe interina da ONU para a Ajuda Humanitária, Joyce Msuya, frisando que as "atrocidades devem parar".

"Notícias terríveis vindas do norte de Gaza, onde os palestinianos continuam a sofrer horrores indescritíveis sob o cerco das forças israelitas", disse Msuya na rede social X (antigo Twitter).

Na sua mensagem, a dirigente da ONU voltou a defender que "estas atrocidades devem parar".

A Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina (UNRWA) disse que na sexta-feira cerca de 20.000 pessoas foram forçadas a deixar o campo devido à intensidade dos ataques.

Israel mata 4 engenheiros que reparavam tubagens no sul de Gaza

O exército israelita matou quatro engenheiros que iam reparar infraestruturas de distribuição de água em Khuzaa, a leste de Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, apesar da coordenação prévia com as autoridades israelitas, segundo a Oxfam.

"Apesar da coordenação prévia com as autoridades israelitas, o seu veículo claramente identificado foi bombardeado", afirmou a Oxfam, que identificou os quatro engenheiros como trabalhando para uma organização parceira, a Coastal Municipalities Water Utility (CMWU).

"As suas mortes exacerbam a catastrófica crise humanitária em Gaza, onde o acesso à água potável já está gravemente comprometido", acrescentou aquela organização não-governamental (ONG) sediada no Reino Unido, que qualificou o ataque às infraestruturas civis e àqueles que as mantêm de 'violações claras do direito internacional humanitário' e exigiu uma investigação independente.

Centenas de engenheiros, funcionários, trabalhadores do setor da saúde e trabalhadores humanitários foram mortos em ataques israelitas ao longo de mais de um ano de guerra que já matou mais de 42.500 pessoas.

Um dos casos foi o ataque múltiplo, em 01 de abril, a um comboio da ONG World Central Kitchen, do chef espanhol José Andrés.

Nesta ocasião, Israel disparou três mísseis consecutivos, matando sete dos seus trabalhadores humanitários, o que levou a organização a suspender as suas operações de distribuição de alimentos no norte devastado da Faixa de Gaza.

Israel alegou então que tinha feito o ataque por "engano", apesar de ter disparado três vezes seguidas.