Em 2019, a participação total nas eleições ficou-se pelos 48,9% na primeira volta e pelos 55% na segunda votação. Os números foram ainda piores no ano passado, quando apenas 11,66% dos nove milhões de eleitores foram às urnas nas eleições locais.

O Presidente da Tunísia, Kais Saied, atribuiu a baixa taxa de participação nas eleições para as autarquias locais à "rejeição" por parte da população do funcionamento do anterior parlamento, cujas competências o Presidente assumiu em 2021, decisão qualificada pelos seus críticos como um exemplo clássico de deriva autoritária.

Em declarações à comunicação social, o presidente da Alta Autoridade Independente para as Eleições, Faruk Buaskar, acrescentou que a taxa de participação nas eleições presidenciais no estrangeiro, realizadas na sexta-feira e no sábado, não ultrapassou os 10%.

Saied, que nas eleições de 2019 venceu a segunda volta com 72,7% dos votos -- tendo os restantes 27,3% sido recolhidos pelo magnata Nabil Karui, que permaneceu preso durante a maior parte da campanha eleitoral -, tem liderado, desde 2021, uma campanha de repressão crescente, pondo em causa a representatividade das eleições.

O Presidente enfrenta dois candidatos de pouco peso: Zuhair Magzhausi, líder do Movimento Popular (Echaab) -- que lidera desde 2013 após o assassinato do então chefe do partido, Mohamed Brahmi, uma das principais referências da esquerda tunisina -- e Ayachi Zamel, líder do partido liberal Azimun, que esteve detido durante toda a campanha eleitoral.

O país, considerado um dos poucos exemplos de sucesso democrático após a eclosão da 'Primavera Árabe', em 2011, sofreu durante os últimos cinco anos um retrocesso nos direitos e liberdades.

Esse retrocesso foi atribuído ao Presidente, o que levou os seus críticos a fazer comparações entre o atual chefe de Estado e Zine el Abidine ben Ali, que governou o país entre 1987 e 2011, e cujo longo mandato terminou precisamente com aquela revolução.

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