O "prémio" foi atribuído por a UE não ter apresentado um valor sobre o que espera mobilizar para contribuir para o novo objetivo global de financiamento climático.

Os ambientalistas, agrupados na "Climate Action Network" (CAN, uma rede internacional que junta quase 2.000 organizações), atribuem os "prémios" em cada cimeira climática da ONU. Com os "fósseis do dia" visam os países/entidades que, na sua opinião, não estão a mostrar ambição nas negociações.

Os ambientalistas concedem um destes prémios, que têm a forma de cabeça de dinossauro, em cada dia da segunda semana da COP, aquela que acolhe as discussões de caráter mais político, na qual os ministros negoceiam a forma de enfrentar a crise climática e as suas implicações.

Até agora a Itália, o G7 no seu conjunto, a Coreia do Sul e a Rússia tinham recebido o prémio. A Suíça (que recebeu a "menção desonrosa") e a UE juntaram-se hoje à lista.

Na cerimónia de entrega do prémio, em que um ativista se vestiu de dinossauro e outro de esqueleto, criticaram a Suíça por ter sido particularmente "silenciosa" em algumas negociações sobre o financiamento do clima, tendo em conta que o país tem um dos sistemas financeiros mais poderosos do mundo.

Mas o "fóssil do dia", o prémio máximo da gala satírica diária, foi para a UE por ainda não ter partilhado um valor com o qual espera mobilizar para o novo objetivo de financiamento coletivo do clima que a COP29 está a negociar, o chamado "Novo Objetivo Coletivo Quantificado" (NCQG).

Enquanto os países do Sul Global pedem uma meta de 1,3 biliões de dólares por ano até 2030, e as análises económicas encomendadas pela ONU estimam que o mundo em desenvolvimento precisará de receber pelo menos 1 bilião de dólares por ano para fazer face aos custos da transição climática e da adaptação, a UE não apresentou uma proposta.

A dois dias do final da COP29 os países ricos são convidados a fornecer entre 440 mil milhões e 900 mil milhões de dólares por ano de ajuda, os números hoje colocados em debate para desbloquear as negociações.

Os países desenvolvidos ainda não se pronunciaram sobre o montante com que estão dispostos a contribuir.

De acordo com o princípio das responsabilidades comuns mas diferenciadas do Acordo de Paris - segundo o qual os países ricos mais responsáveis pelo aquecimento global devem fazer o máximo para combater a ação climática - "a UE deveria estar a liderar com ambição", disse o ativista vestido de esqueleto.

FP // CMP

Lusa/fim