As alterações na perceção das cores podem estar relacionadas não só com doenças dos olhos, como a catarata ou o glaucoma, mas também com mudanças no processamento visual do cérebro. Investigadores britânicos mostram que os adultos mais velhos classificam sistematicamente as cores como menos intensas do que os mais jovens.

Uma análise do Science Museum Group, no Reino Unido, mostra que desde meados do século XX houve um aumento acentuado de objetos cinzentos no quotidiano, como automóveis e decoração.

Mas a perda de cor do mundo que vemos pode não se dever apenas a tendências estéticas: estudos sugerem que a própria perceção das cores muda com a idade.

Dependendo de como os seus olhos - e cérebro - envelhecem, o balão vermelho brilhante que se lembra da sua festa de sete anos poderá não parecer tão vívido se o voltar a encontrar aos 93 anos.

Alterações nos olhos

As alterações na perceção das cores podem ocorrer por vários motivos. Entre as causas mais comuns estão as mudanças estruturais nos olhos. A catarata, que turva o cristalino, pode provocar uma tonalidade amarelada na visão, reduzindo a perceção de azuis e verdes.

Outras doenças, como o glaucoma e a degenerescência macular, também afetam a perceção das cores.

Exames oftalmológicos regulares são essenciais, não só para preservar a visão, mas também porque problemas na perceção da cor podem estar ligados a até 15% dos casos de demência, segundo uma investigação publicada em 2024.

Alguns medicamentos podem também interferir na forma como vemos as cores. Entre eles, o viagra (usado no tratamento da disfunção erétil) e certos medicamentos para o coração ou para a tuberculose.

Mudanças no cérebro

A investigação mais recente mostra que, mesmo sem doenças oculares ou uso de medicamentos, a perceção das cores pode mudar ao longo da vida.

A neurocientista Janneke van Leeuwen, da University College London, estudou as respostas pupilares de 17 jovens adultos e 20 idosos perante 26 cores de diferentes níveis de luminosidade e saturação.

Com uma câmara capaz de registar mil medições por segundo, observou que as pupilas dos participantes mais velhos reagiam menos a cores saturadas, mesmo considerando a redução natural do tamanho da pupila com a idade.

Segundo Van Leeuwen, estas diferenças não têm origem apenas nos olhos. As respostas pupilares são controladas pelo núcleo de Edinger-Westphal, no mesencéfalo, que integra informação proveniente da retina e do córtex visual. Isto significa que o envelhecimento pode afetar não só a captação da cor pelos olhos, mas também a forma como o cérebro a processa, levando a um mundo percebido como menos vibrante.