O presidente da Associação dos Profissionais da Guarda (APG/GNR), César Nogueira, manifestou-se, esta quinta-feira, satisfeito com o anúncio de 20 milhões de euros para veículos para as forças de segurança, mas advertiu que o setor tem mais necessidades urgentes. Já do lado da PSP o sentimento é de estranheza.

Em causa está o anúncio do primeiro-ministro de que o Governo vai aprovar em Conselho de Ministros uma autorização de despesa de mais de 20 milhões de euros para a compra de mais de 600 veículos para PSP e GNR.

“Ficamos satisfeitos. Necessitamos muito. O nosso parque automóvel está muito envelhecido. Temos veículos com muitos anos e centenas milhares de quilómetros, que até já deviam ir para abate. É um bom anúncio, mas esperemos que não demore. Sabemos que tem procedimentos e, por vezes, demora muito tempo a acontecer”, disse César Nogueira.

O presidente da APG/GNR lembrou ainda que as forças de segurança não precisam só de viaturas, mas de muitas outras coisas, como bodycams e coletes à prova de balas.

“[Também] muito importante e urgente é a valorização das carreiras, pois o Governo sabe que sem isso vai ser mais difícil termos candidatos para as forças de segurança. É urgente que isso aconteça até para cativar novos profissionais”, disse.

Sindicato da PSP considera o anúncio estranho e inusitado

Já a Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) considera “estranho e até inusitado” o anúncio e anunciou que vai entregar uma carta a Luís Montenegro com reivindicações.

“Antes de mais dizer que o anúncio do primeiro-ministro soa estranho. Achamos até que foi inusitado. Não conseguimos alcançar ainda qual foi o objetivo de fazer uma comunicação ao país às oito da noite em horário nobre para anunciar 20 milhões de euros para viaturas. Ainda estamos um pouco estupefactos com esta realidade”, disse à Lusa Paulo Santos.

Adicionalmente, não sabe se é ou não muito dinheiro, pois o que se tem assistido nos últimos anos é que há anúncios feitos pelo Governos que depois são concretizados a 50%.

E ainda deixou uma questão: "Há efetivamente por parte do primeiro-ministro vontade política para resolver os problemas? Sim ou não? Se há, tem que reforçar o Ministério da Administração Interna, reforçar a senhora ministra e investir para resolver as questões que todos os dias têm sido agravadas pela falta de investimento e falta de reconhecimento pelo nosso trabalho”.

Por isso, o sindicato vai entregar esta quinta-feira uma carta na residência oficial do primeiro-ministro para pedir um maior envolvimento, disponibilidade e sensibilidade para um reforço necessário em termos políticos e orçamentais junto do Ministério da Administração Interna.