"Dezenas de crianças e adolescentes foram mortos nesta sexta-feira num ataque hediondo a um centro educacional na cidade de Cabul. As autoridades 'de facto' devem proteger os direitos de todos os afegãos", disse o secretário-geral das Nações Unidas.

Numa mensagem publicada na rede social Twitter, Guterres pediu também ao regime talibã que proteja os direitos de todas as pessoas, "independentemente de sua origem étnica ou género", para que possam ter acesso à educação "com segurança".

Pelo menos 19 pessoas morreram no atentado suicida, na manhã de sexta-feira, em Dasht-e-Barchi, um distrito na zona oeste da capital cujos residentes são maioritariamente da minoria étnica hazara, que segue o ramo xiita da religião muçulmana.

Também na sexta-feira, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) declarou a sua "consternação" com um ataque "atroz".

"A violência dentro ou ao redor das escolas nunca é aceitável. Esses lugares devem ser refúgios de paz onde as crianças possam aprender, estar com os seus amigos e sentirem-se seguras enquanto desenvolvem capacidades para o futuro", defendeu o fundo.

"Crianças e adolescentes não são, e nunca devem ser, alvos para a violência. Mais uma vez, a UNICEF apela a todas as partes no Afeganistão que adiram e respeitem os direitos humanos, e que garantam a segurança e proteção de todos os meninos, meninas e jovens", acrescentou a agência.

Segundo o Ministério do Interior afegão, o centro acolhia estudantes em preparação para os exames de admissão às universidades do Afeganistão.

"Atacar alvos civis prova a crueldade desumana do inimigo e a falta de padrões morais", disse o porta-voz do Ministério do Interior, Abdul Nafy Takor.

Vídeos publicados nas redes sociais e fotos divulgados pela imprensa local mostram vítimas ensanguentadas a serem retiradas do local da explosão.

Em 20 de abril, pelo menos seis pessoas morreram e 24 ficaram feridas em duas explosões que atingiram uma escola para meninos, também em Dasht-e-Barchi.

O distrito foi atingido nos últimos anos e desde o regresso ao poder dos talibãs por vários ataques reivindicados pelo braço regional do grupo Estado Islâmico, que considera os hazaras hereges por seguirem o ramo xiita da religião muçulmana.

Em maio de 2021, uma série de explosões também ocorreu em frente a uma escola para meninas no mesmo distrito, matando 85 pessoas, principalmente jovens estudantes, e ferindo mais de 300.

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