"Vamos disponibilizar 220 milhões de euros para financiar o transporte transfronteiriço seguro de pacientes nos casos em que isso for necessário", declarou a presidente do executivo comunitário, Ursula von der Leyen.

Falando numa conferência de imprensa conjunta em Bruxelas com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, após uma reunião entre os chefes de Estado e de Governo da UE sobre a covid-19, a responsável vincou que, para realizar essa transferência de doentes e o dinheiro em causa ser "bem utilizado, é preciso haver troca de informação" entre os países.

"Quanto mais os Estados-membros partilharem informação [uns com os outros], melhor poderemos coordenar a resposta. [...] Por exemplo, se tivermos melhor partilha de dados sobre a capacidade dos cuidados intensivos, e onde existe menos capacidade, podemos permitir o transporte de pacientes e isso pode ser organizado atempadamente", precisou Ursula von der Leyen.

Por isso, insistiu, os países devem "partilhar dados atualizados e claros em tempo real", nomeadamente com o Centro Europeu para Prevenção e Controlo das Doenças.

"Isso vai permitir-nos perceber o que está a acontecer, atuar de forma coordenar e perceber melhor a situação real", sustentou a responsável.

A reunião por videoconferência de hoje foi a primeira desde que, no anterior Conselho Europeu (presencial), em Bruxelas de 15 e 16 de outubro, e face à gravidade da situação, os líderes europeus decidiram manter contactos regulares, mesmo que à distância, para discutir a evolução da pandemia, cuja segunda vaga está a atingir toda a União Europeia, com vários Estados-membros a registarem nos últimos dias números recorde de casos positivos.

Nas declarações à imprensa, Ursula von der Leyen insistiu também na monitorização dos casos positivos de covid-19, anunciando que a Comissão Europeia vai avançar com um formulário uniformizado de passageiros para assegurar o rastreamento nas viagens dentro da UE.

"Informei os lideres europeus de que a Comissão vai avançar com documento piloto em novembro e, portanto, o objetivo é ter um formulário uniformizado na UE até final do ano", disse a responsável.

Também no âmbito do rastreamento, Ursula von der Leyen defendeu a utilização das aplicações móveis ('apps') nacionais e da sua interligação ao nível da UE para que os cidadãos possam ter acesso e ser avisados de exposição a casos positivos em qualquer lugar da Europa.

A líder do executivo comunitário informou inclusive ter pedido, na videoconferência de hoje, "aos líderes europeus para assegurar uma utilização massiva por parte dos cidadãos, ou seja, 'downloads' significativos destas 'apps' por parte de utilizadores de 'smartphones' [telemóveis inteligentes]".

A 'app' desenvolvida em Portugal é designada de StayAway COVID e já deu polémica devido à intenção do Governo de a tornar obrigatória, o que não avançou.

"Vinte e dois países já desenvolveram ou estão a desenvolver uma 'app' de rastreamento e, entretanto, a Comissão criou uma plataforma para assegurar a interoperabilidade entre as 'apps' dos Estados-membros. Três já estão ligadas e em novembro vão juntar-se outras 19", incluindo a portuguesa, adiantou Ursula von der Leyen.

Perante o aumento exponencial do número de infeções e de internamentos na Europa, a responsável defendeu, ainda, uma "estratégia massiva de testes" para "atacar o vírus".

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 44,5 milhões de casos de infeção em todo o mundo.

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